DISFUNÇÕES
SEXUAIS
Partiremos
do princípio de que todos nós nascemos com capacidade para ter relações sexuais
normais, saudáveis e satisfatórias. O orgasmo nada mais é do que um reflexo,
assim como tossir, espirrar, bocejar. Isto significa que a resposta sexual
fisiológica já existe, vem de fábrica. O ser humano é que a torna disfuncional
e complicada no decorrer de sua vida.
Vários fatores podem tornar um indivíduo sexualmente
disfuncional. A criação familiar, a educação repressora na infância e adolescência,
traumas psicológicos sexuais ou não, experiências desagradáveis nas primeiras
relações sexuais, partos traumáticos, o meio sócio-cultural, e fatores
circunstanciais inibitórios no relacionamento atual, como problemas de ordem
econômica, crise familiar e emocional podem gerar uma disfunção. São
incontáveis os fatores psicológicos que
podem levar às mesmas disfunções sexuais.
Fatores
orgânicos devem ser afastados antes de se pensar em psicoterapia. Doenças da
tireóide, por exemplo, podem provocar inapetência sexual e conseqüentemente
maior dificuldade para atingir o clímax. O
hipoestrogenismo, comum nas mulheres pré-menopausadas e aquelas já no climatério, ocasiona ressecamento
vaginal, menor lubrificação durante a
excitação e hipotrofia da mucosa e
diminuição da elasticidade, o que por si só provoca dor no coito, podendo fazer com que esta mulher evite a
relação sexual. As infecções genitais,
distopias genitais (útero retrovertido, prolapso uterino), tumorações pélvicas também
podem ocasionar dor, levando a um quadro de inibição do apetite ou mesmo
vaginismo.
Tanto os fatores psicológicos como os orgânicos atuam
bloqueando uma das fases da resposta sexual humana, seja a fase de desejo,
excitação ou orgasmo.
As disfunções sexuais femininas mais encontradas são: inibição
do desejo, vaginismo e anorgasmia.
O impulso sexual feminino varia muito, pois existe um ciclo
menstrual com grandes variações hormonais. Sabe-se que a progesterona diminui a
libido, enquanto a testosterona a aumenta. Em geral, as mulheres têm menos
apetite sexual que os homens. O importante é que o casal esteja na mesma
sintonia.
O vaginismo ocorre pelo espasmo muscular involuntário da
vagina, impedindo a penetração do pênis. Esta disfunção pode trazer muitos
conflitos entre o casal, que muitas vezes procura tratamento quando a relação
já está muito afetada. Por outro lado, seu tratamento é mais
rápido que as demais.
Anorgasmia é a falta de orgasmo na relação sexual. Muitas mulheres referem não saber se
têm orgasmo ou não. Quando elas têm
esta dúvida, considero que nunca o
tiveram. Embora prazer e apetite sexual sejam entidades diferentes, elas estão
intimamente ligadas. O prazer é o maior estímulo para o desejo. Mulheres que
não têm este prazer na relação sexual, gradativamente perdem o apetite sexual.
Neste caso, a terapia consiste na redescoberta das sensações em seu corpo e
tratando o bloqueio que originou esta disfunção.
Entretanto, é muito
comum a mulher se culpar por não ter orgasmos ou sentir dor na penetração passando a evitar relações sexuais sem ter
qualquer distúrbio. Caso a mulher tenha relações relâmpago, isto é, muito
rápidas, onde não haja tempo suficiente para uma boa lubrificação vaginal
, esta mulher pode ter dor no coito,
não conseguindo relaxar o suficiente para atingir um orgasmo. A repetida falta
de orgasmo pode provocar, com o passar do tempo, inapetência sexual.
A ejaculação precoce é mais freqüente do que se pensa. O homem
que ejacula precocemente é ansioso
demais para praticar preliminares prolongadas. Isto significa que , em geral,
este homem não consegue satisfazer sua parceira. Neste caso, uma mulher mais
experiente identifica a disfunção do parceiro, enquanto outra mulher
inexperiente pode se culpar julgando-se
anormal. O tratamento consiste em
trabalhar a causa desta ansiedade,
exercícios para prolongar a ereção aliados ao aumento do tempo das
preliminares.
A terapia sexual visa , portanto, identificar os bloqueios geradores das disfunções de cada
um, esclarecendo-os e associando com os exercícios sexuais específicos para
cada disfunção. Desta forma se abre o caminho para que o indivíduo
siga, instintivamente, sua resposta sexual fisiológica.